Inovação Não Violenta

Quanta coisa não existe antes do fazer? Estamos sempre tão concentrados em fazer o que precisa ser feito, que deixamos de lado tudo o que existe e acontece à nossa volta. Quando se espera que o fazer resulte em inovar, ignoram-se o número e a profundidade das camadas que se apresentam invisíveis a nós enquanto passamos pelos desafios que a realidade nos impõe no dia a dia.

O livro Inovação Não-Violenta costura para o leitor uma rede de sentidos que incorpora ao processo de inovação as demandas e necessidades do ser e das suas relações consigo mesmo e com o mundo social. A autora, Fernanda Dutra, ajuda o leitor a compor um jeito de inovar que incorpore esse tão volumoso invisível que ignoramos no cotidiano, mas que é responsável por grande parte do resultado. A resposta sobre como inovar de maneira não violenta está na harmonização do ser em todas as suas relações, sejam elas pessoais, organizacionais ou sociais. Não basta criar o produto ou prestar o serviço. É preciso ter "congruência e harmonia com todo o contexto sistêmico ao qual aquela realidade se conecta, preservando ou até ampliando valores éticos e sustentáveis, aproveitando melhor os talentos que temos e, principalmente, entendendo as necessidades e sentimentos de todos os envolvidos", como escreve a autora.

Nesse processo, o consumidor deixa de ser o objeto-alvo dos nossos produtos e passa a ser partícipe de um processo circular de cocriação. Estamos criando e redesenhando os sistemas na medida em que nos embrenhamos nos jogos de geração de valor. Não importa se somos designers, líderes, investidores, membros de equipes técnicas ou consumidores, a verdade é que um pequeno desvio de olhar na direção da busca por uma totalidade mais harmonizada fará toda a diferença. Seja qual for o jogo, ele tem de ser bom… Bom para nós e para todos que estão à nossa volta.

Uma inovação não violenta exige, de cada um de nós, o protagonismo das nossas ações de criação de modo integrado ao que realmente somos. É com essa postura que veremos o resíduo do nosso "viver" ser derramado sobre o mundo social à nossa volta na forma de valor.