Cada caso, um caso… puro acaso Cada caso, um caso… puro acaso

Cada caso, um caso… puro acaso

Os processos de evolução biológica dos seres vivos

    • USD 3.99
    • USD 3.99

Descripción editorial

Supondo que a ciência seja uma coisa séria, ou deveria ser, e que os cientistas não sejam bobos e nem totalmente loucos, é natural que haja curiosidade em saber em quais informações científicas eles estão se apoiando para afirmarem, há mais de 160 anos, que o processo evolutivo ocorre sem planejamento.

As eventuais mudanças na teoria, nos 160 anos subsequentes aos trabalhos de Darwin e Wallace, decorrem do conhecimento a respeito da variação sobre a qual a seleção natural atua, conhecimento este que ainda não afetou o conceito original de seleção natural.

O processo como um todo é casual em decorrência da incerteza sobre a qualidade e a quantidade da variabilidade que estará sob seleção.

A diversidade atual dos seres vivos, desde a origem da vida e principalmente a partir do surgimento da reprodução sexuada, é decorrente de sucessivos processos populacionais.

Ocorre forte impacto quando as pessoas se conscientizam de que a espécie humana é resultado de uma infinidade de eventos casuais atuando sobre populações mal adaptadas em termos ambientais, e que em cada etapa do processo encontravam-se no limite da sobrevivência. Esses fatos contrariam a visão romântica de um projeto inteligente a partir do qual seríamos resultantes de um processo que sempre foi decorrente da seleção atuando a favor dos melhores.

Uma ocasião, explicando o processo evolutivo para estudantes com idade em torno de 12 anos, um deles perguntou: – Se os peixes se transformaram em anfíbios, por que existe peixe até hoje? Tentei explicar a ele por quê, mas não sei se consegui esclarecer que essa transformação ocorreu uma única vez, em uma única população de peixes, que deve ter demorado milhares de anos e que as demais populações de peixes não se envolveram no processo. E mais, que todo ano no nordeste brasileiro e outras regiões semiáridas do mundo, existem peixes morrendo porque os rios secam e nem por isso eles estão mudando para anfíbios.

A capacidade de adaptar o ambiente às necessidades biológicas da própria espécie faz com que a maioria dos povos atuais acredite que isso sempre poderá ser feito e muita gente, que vive em ambientes aquecidos ou refrigerados artificialmente, não acredita que mudanças ambientais possam afetar a sobrevivência da espécie.

O processo evolutivo prescinde tanto de conteúdo moral quanto imoral e não fornece nenhuma base filosófica para a estética ou para a ética. Porém, como qualquer outro conhecimento, a biologia evolutiva pode servir à causa da liberdade e da dignidade humana por nos ajudar a aliviar a fome e a doença, bem como a entender a unidade e a diversidade da humanidade.

O tamanho da população humana atual, que já passou de sete bilhões de indivíduos, é o maior risco para a sobrevivência da espécie. A dificuldade para o controle do tamanho populacional é agravada pela falta de informação/conhecimento, pela deficiência na assistência médica e por restrições culturais/religiosas ao controle da natalidade.



Sobre o autor

Fábio de Melo Sene é graduado em História Natural (1966). Fez mestrado (1970), doutorado (1973) e livre-docência (1981) todos em Genética, pela Universidade de São Paulo – USP. Fez pós-doutorado na University of Hawaii (1976) e na University of Arizona (1988). É professor titular da USP e membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. É comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico do Ministério de Ciência e Tecnologia. Pesquisador Emérito do CNPq em 2017. Editor-chefe de 2002 a 2005 e atual editor-associado da Revista Genetics and Molecular Biology da Sociedade Brasileira de Genética. Publicou o livro Genética e Evolução, EPU, 1981.

GÉNERO
Ciencia y naturaleza
PUBLICADO
2021
20 de julio
IDIOMA
PT
Portugués
EXTENSIÓN
353
Páginas
EDITORIAL
Cia do eBook
VENTAS
Digitaliza - Digitalizacao e Distribuicao de Conteudo Digital Ltda.
TAMAÑO
5.4
MB