Marília de Dirceu

O poeta Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) nasceu na cidade do Porto, em Portugal, mas viajou cedo para o Brasil na companhia do pai, brasileiro.

Envolvido com o movimento político Inconfidência Mineira, de 1789, despoletada pela elite de Vila Rica, (actual Ouro Preto, MG) contra o excesso de impostos do império colonial português, foi preso e enviado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, partindo depois, desterrado, para Moçambique, onde viria a falecer. Tomás Gonzaga é considerado um dos grandes nomes do arcadismo, um movimento literário caracterizado pela exaltação da natureza.

Especula-se que a obra «Marília de Dirceu» se tenha inspirado na história de amor entre o autor e a jovem Maria Dorotéa Joaquina de Seixas, da região de Vila Rica, então com apenas 17 anos — um amor rejeitado pela família da jovem.

«Marília de Dirceu» é um poema narrativo, composto por duas partes de cerca de trinta liras, termo utilizado para denominar os poemas que compõem a obra, e uma terceira mescla de liras, sonetos e odes.

O autor assume o papel de um camponês, pastor de ovelhas, assim como a sua amada. Na sua obra são evocados elementos identificados com a vida campestre de acordo com a tradição Greco-latina.

Na primeira parte da obra, Marília vê a sua beleza intensamente louvada, onde o eu lírico deseja uma vida bucólica, com filhos, num ambiente naturalista. Já na segunda e terceira partes, predomina o tom solitário e pessimista, reflexo do seu desencanto e passagem pela prisão e consequente desterro africano.

«Marília de Dirceu» integra a colecção Clássicos da Literatura Brasileira, da editora Atlântico Press, uma publishing company, no mercado editorial desde 1992.