O homem que odiava ilhas

Na crônica, gênero tão brasileiro, poucos tiveram o talento, o fôlego e a gama de interesses de Paulo Mendes Campos. Dono de um texto leve mas nunca leviano, dado a experimentações com o gênero – escapando de algumas armadilhas que a escrita rotineira para jornal poderia lhe oferecer --, o escritor mineiro praticou as mais diversas modalidades de escrita. São observações bem-humoradas da vida no Rio de Janeiro, reflexões sobre o amor e pequenas ficções e causos que revelam o fino estilista do idioma, sempre atento às transformações da língua popular -- o que se tem aqui, destilado em sua essência, é uma significativa amostra de um dos nossos mais encantadores e populares autores. Esta seleção conta com crônicas extraídas de volumes como O amor acaba e Primeiras leituras (ambos publicados pela Companhia das Letras) e apresenta Paulo Mendes Campos em sua plenitude: divertido, atilado, sensível aos acontecimentos e com o ouvido afiado para captar a voz encantadora das ruas. Observador atento dos nossos usos e costumes, leitor refinado da melhor literatura, criador inventivo, este mineiro que passou boa parte de sua vida no Rio de Janeiro – a ponto de ser adotado por sua amada Ipanema como um de seus personagens mais característicos -- figura entre os maiores da nossa crônica, ao lado de outros mestres (que inclusive foram seus amigos a vida inteira) como Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e Otto Lara Resende.