Palmas, pra que te quero?
O autismo à luz da maternidade
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"Bata palminhas, filho!" "Por que ele não bate palmas como as outras crianças?" "O que está acontecendo?"
O que poderia ser um detalhe se mostrou um jeito de ser – um jeito que trouxe consigo um diagnóstico: autismo.
E com o diagnóstico do Vinícius, Kassiane partiu para o abraço, não apenas do seu filho, mas do autismo como causa.
Nas mídias sociais, compartilhando sua experiência (ou melhor, sua inexperiência), em pouco tempo o discurso sincero de Kassiane se juntou a outras vozes, em sua maioria de mães, construindo uma importante rede de apoio e enfrentamento dos estereótipos acerca das crianças atípicas, como dizer que o autista não sorri, não faz carinho, não ama, não se expressa, não sabe sair "do seu mundo".
Palmas, pra que te quero? é uma narrativa que empodera as mulheres porque apresenta a maternidade de maneira libertadora, sem as fantasias ilusórias que as desumanizam e enchem de culpa. Uma maternidade em que o amor imensurável pelo filho não exclui os momentos de negação, raiva, barganha, reclusão, medo do desconhecido e luto pela perda do filho idealizado.
Num tempo em que a busca por aprovação parece ser a norma, que o olhar do outro ousa nos definir e que a sociedade teme e exclui as singularidades, Vinícius tem muito a nos ensinar.
E quanto às palmas, para que a gente as quer mesmo? Quem precisa delas?
Tânia Dourado
Linguista e escritora
Autora do livro Cadê a criança que estava aqui?
Kassiane Costa nasceu em 1985, em uma pequena cidade no interior do Maranhão chamada Brejo. Cresceu em Fortaleza (CE), onde reside até hoje. É farmacêutica por formação, escritora por paixão e mãe por vocação – do Vinícius, de 4 anos, e da Zara, 1 ano. Compartilha um pouco da sua história e dos seus devaneios no instablog @maefarmaceutica, que nasceu há dois anos quando optou por parar de trabalhar e acompanhar melhor o desenvolvimento do seu filho, na época recém-diagnosticado como autista.