Quem deve a quem? Quem deve a quem?

Quem deve a quem‪?‬

Ensaios transnacionais de desobediência financeira

Silvia Federici und andere
    • 9,49 €
    • 9,49 €

Beschreibung des Verlags

A dívida funciona como o maior mecanismo de acumulação de riqueza para o capitalismo atual e, simultaneamente, atua como uma forma de controle social. É uma ferramenta política do capital para explorar e confiscar a vitalidade social e determinar o tempo futuro.

Isso significa que a financeirização não é um processo que se desenvolve por si mesmo, mas que interpreta e captura um desejo de autonomia expressado pelas lutas em distintos ciclos de organização ao mesmo tempo que responde a essa ânsia. Assim, o avanço das finanças sobre a reprodução social, especialmente sobre as economias feminizadas, é uma resposta às demandas feministas pelo reconhecimento de tarefas historicamente desvalorizadas, mal pagas e invisibilizadas, e a um desejo de autonomia econômica. […]

Chamamos esse processo de colonização financeira da reprodução social, já que toma as populações mais empobrecidas e precarizadas como território de conquista e as torna dependentes da dívida para sua economia cotidiana. Quando a relação de dívida se volta para baixo, difundem-se em cascata os efeitos da dívida contraída pelos Estados. As espoliações e as privatizações que provocam o endividamento estatal se transformam em endividamento forçado dos setores subalternos, que passam a acessar bens e serviços através da dívida. O efeito produzido é o de se alterar tanto a relação entre renda e dívida quanto entre dívida e acesso a direitos. O propósito é converter a vida em uma soma de dívidas: a que pagamos por nosso país e a que pagamos pessoalmente. […]

É preciso dizer: "basta!". Diante da riqueza desmedida, devemos pôr um fim às novas formas de escravidão pelo endividamento e à servidão involuntária à qual o capitalismo financeiro nos submete. A obrigação da dívida, a sentença de que não nos resta outra opção senão nos endividarmos para viver, demonstra que a dívida funciona como ferramenta produtiva. Coloca-nos para trabalhar. Obriga-nos a trabalhar mais. Compele-nos a vender nosso tempo e nosso esforço futuro. Propõe, como horizonte, que paguemos até morrer. Deseja comandar nosso esforço por décadas e prolongar-se por gerações. Dívidas para a vida inteira. Dívidas alimentadas como obrigação graças ao sentimento de culpa que diz respeito à nossa responsabilidade como devedoras, ao nosso fracasso como empreendedoras, às nossas responsabilidades como cuidadoras, às nossas exigências por serviços públicos. A dívida suga nossa energia vital.

— Silvia Federici, Verónica Gago e Luci Cavallero, na Introdução

GENRE
Politik und Zeitgeschehen
ERSCHIENEN
2023
24. Dezember
SPRACHE
PT
Portugiesisch
UMFANG
208
Seiten
VERLAG
Editora Elefante
GRÖSSE
2,2
 MB

Mehr Bücher von Silvia Federici, Verónica Gago & Luci Cavallero

Hexenjagd Hexenjagd
2020
Caliban and the Witch Caliban and the Witch
2021
Introdução ao pensamento feminista negro / Por um feminismo para os 99% Introdução ao pensamento feminista negro / Por um feminismo para os 99%
2021
Beyond the Periphery of the Skin Beyond the Periphery of the Skin
2019
Revolution at Point Zero Revolution at Point Zero
2012
Point zéro Point zéro
2016