O Infante D. Henrique, dito O NAVEGADOR, na Historiografia dos Séculos XV a XIX

Trata-se de uma síntese da historiografia henriquina que foi sendo produzida desde o século XV até ao final de Oitocentos. Compreensivelmente, os autores portugueses ocupam o destaque que lhes cabe, não só do ponto de vista estatístico como, em grande parte dos casos, também de uma perspectiva literária e científica. Contudo, dispensa-se a atenção que se justifica a autores estrangeiros de influência incontornável, no seu tempo, a nível internacional, como sucede com os britânicos do século XIX Major e Beazley. Prrocura-se não apenas resumir o conteúdo da vasta e riquíssima produção historiográfica selecccionada para o nosso propósito, evidenciando as suas particularidades mais distintivas e representativas, como tem-se a preocupação de tentar esclarecer, na medida do possível, os objectivos dos autores respectivos e a repercussão e consequências detectáveis em cada uma das sucesssivas conjunturas históricas. Partindo do quatrocentista Gomes Eanes de Zurara, acompanha-se o plurrissecular percurso dos estudos henriquinos e de outras formas de produção intelectual relacionadas com a mesma temática. Termina-se a nossa exposição interpretativa e crítica nas vésperas do início do século XX. Constata-se que ao século XIX correspondeu uma visível politização da bibliografia henriquina e dos autores que para a mesma contribuíram, realidade que, aliás, que sempre pudera detectar-se, embora nas épocas precedentes de forma menos manifesta e exacerbada. Conclui-se enfatizando a ideia segundo a qual a historiografia henriquina nunca deixou de ser o que classifico como um "pretérito imperfeito", atribuindo-lhe a especificidade que as gramáticas imputam ao mencionado tempo verbal: o de respeitar à menção a uma realidade passada, mas não concluída. Relaciona-se esta ideia com a defesa da necessidade de nos dias de hoje, como sempre, enriquecer e valorizar o património da historiografia henriquina, promovendo a sua renovação e aprimoramento, sem prescindir de a adequar ao público e às problemáticas da actualidade.