A Alma Nova
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Publisher Description
Os lethargos gentis, os extasis bucolicos E as desditas crueis do proprio coração; Mas não celebro o vicio e odeio o desalinho Da muza sem pudor que mostra no caminho A liga á multidão.
A sagrada poesia, a peregrina eterna, Ouvi dizer que soffre uma affecção moderna, Uns fastios sem nome, uns tedios ideaes; Que ensaia, presumida, o gesto romanesco E, vaidosa de si, no collo eburneo e fresco, Põe crémes triviaes!
Oh, pensam mal de ti, da tua castidade! Deslumbra-os o fulgor dos astros da cidade, Os falsos ouropeis das cortezãs gentis, E julgam já tocar-te as roçagantes vestes Ó deusa virginal das coleras celestes, Das graças juvenis!
Retine a cançoneta alegre das bachantes, Saudadas nos wagons, nos caes, nos restaurantes, Visões d'olhar travesso e provocantes pés, E julgam já escutar a voz do paraiso, Amando o que ha de falso e torpe no sorriso Das musas dos cafés!