Gestão do Risco Não Financeiro no Sector Financeiro

Desde a crise financeira global de 2008 que as Instituições Financeiras (IFs) têm concretizado investimentos substanciais na actualização dos seus programas de gestão de risco e no cumprimento de regulação cada vez mais complexa e rigorosa, estando o Basileia III e as suas reformas finalizadas (em regra referidas como "Basileia IV") no centro das transformações regulatórias sobre esta matéria, especialmente no subsector bancário, que esteve no centro da crise financeira global de 2008. Embora a maioria das IFs em diferentes pontos do globo agora tenham estruturas de gestão de risco bem desenvolvidas para gerir risco de mercado, crédito e liquidez (riscos financeiros), tem sido identificada uma crescente necessidade de se melhorar as estruturas de gestão do Risco Não Financeiro (RNF).

Muitos dos maiores eventos de risco nos últimos anos têm derivado de RNFs, como conduta e risco cibernético, em vez de riscos financeiros tradicionais.

A crescente importância da gestão dos RNFs (sendo que muitos destes são de natureza jurídica e/ou operacional) surge num momento de particular incerteza e volatilidade no ambiente de negócios, tanto nacional como internacional, devido ao crescimento económico desigual, aumento de incerteza política e regulatória. Dado a estes desenvolvimentos turbulentos, as IFs precisam repensar a sua abordagem quanto a gestão de RNFs, considerando factores como estratégia, linhas de defesa, capital humano, cultura interna e o impacto de tecnologias emergentes, de modo que possam, mais do que reduzir custos, evitar prejuízos resultantes da gestão ineficiente ou inexistente dos RNFs, potenciando significativamente a sua eficácia e eficiência, tanto do ponto de vista operacional como do ponto de vista económico ou financeiro.

Neste e-book são abordadas as diferentes categorias de risco não financeiro que podem afectar a actividade das Instituições Financeiras, as fontes que os originam e os princípios que devem ser observados na construção de medidas preventivas e de mitigação destes riscos, tão frequentemente eclipsados pelos riscos financeiros e que, no entanto, podem provar ser tão ou mais danosos que estes, podendo inclusive tornar uma instituição incapaz de prosseguir com a sua actividade de forma permanente.