Dedos impermitidos
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- S/ 29.90
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- S/ 29.90
Descripción editorial
Luci Collin vem construindo uma obra vasta e intensa nos últimos anos, sobretudo no vigor poético da sua prosa. Não quero com isso sugerir uma dicotomia simples entre prosa e poesia; mas, em sua escrita múltipla, Collin de fato tem uma voz razoavelmente unificada e estável nos versos, ao passo que na prosa realiza uma verdadeira explosão de modos, ritmos, tons, personas, que vão construindo a cada peça toda uma nova história da linguagem possível e impossível. É como se seus versos fossem uma faceta possível em seu leque amplo, dentre as muitas que na prosa podemos ver mais facilmente. Isso é um verdadeiro tour de force das potencialidades na escrita, ainda mais num país que historicamente aposta tanto em certo estilo jornalístico e insosso atrelado a um realismo triste do terceiro mundo. Collin parece recusar qualquer uso de uma linguagem pré-fabricada, bem como as noções caducas de realismo. Para se ter uma ideia disso, basta comparar os primeiros contos desta nova coleção como amostra da paleta: "Intro-" se desenvolve pelo coloquial quase-falado da narração em primeira pessoa, que conta em deriva uma tentativa fracassada de comprar um sofá no shopping; "Florilégio" se volta para a narrativa em terceira pessoa, numa descrição incômoda da vida como monstruosidades compiláveis e intermináveis dispostas em herança, a partir da vida de uma mulher; já "Da capo" parece um poema em prosa, com sintaxe longa, subordinadas angulosas e vozes entremeadas quase sem pontuação, numa pequena selva barroca em forma musical.