O Exílio na Soberania
Crítica da «negação do exílio» na cultura israelense
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Publisher Description
O «retorno à história» constitui premissa essencial do projeto sionista e «a negação do exílio» o enunciado central que caracteriza a consciência, a concepção da história, a memória coletiva e política de Israel. Através da «negação do exílio» procura-se definir uma colectividade judaica com história nacional própria, segundo um modelo social e cultural europeu e moderno, assim excluindo a diversidade da existência judaica ao longo da história, i.e. negando a sua historicidade. A esta démarche o ensaio contrapõe as evidências dessa diversidade, feita de distintos contextos, tempos, países, línguas e sistemas culturais, de onde eram oriundos os judeus. O «retorno à história» da ideologia sionista (para a qual concorreu a adesão ao conceito de «anti-semita») corresponde a uma profunda des-historicização da existência judaica.
A negação concreta da história tornou-se extensiva à história de todos os judeus, na Europa, mas também no mundo islâmico em relação ao qual o sionismo desenvolveria um discurso tipicamente orientalista, contrapondo-se e impondo-se o referente identitário do homem ocidental. Para o sionismo, enquanto ideologia nacionalista nascida na Europa, a «negação do exílio» veio para negar tudo quanto fosse considerado oriental no judeu, para negar o outro e, por esta via, o árabe. A consciência nacional e soberania israelense assentam na combinação entre teologia e orientalismo – negação do exílio e do judeu oriental. Buscando uma alternativa a estas concepções, contrastando os fundamentos de uma consciência que, à partida, coloca em oposição judeus e árabes, Raz-Krakotkzin propõe a ideia radical de binacionalismo, visando o vínculo entre ambas as partes.