Górgona
Paradigma da criação de imagens
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Descrição da editora
Neste ensaio, Frontisi-Ducroux questiona como a imagem de um verdadeiro tabu descritivo surge paradoxalmente tão profusa na Grécia antiga. Como foi possível que um rosto que os poetas renunciaram a descrever se tenha tornado objecto de uma figuração gráfica e plástica tão abundante?
A Górgona, Medusa ou Gorgo é essa figura mítica insuportável para a visão que afinal constitui um paradigma da produção de imagens. Por um lado, o olhar da Górgona tem a capacidade iconopoética de produzir imagens – figuras sideradas e petrificadas pelo pavor que provoca –, por outro lado, a sua eficácia é visual, o que significa que, ainda que perigosamente, se oferece ao olhar. Rosto petrificante, produtor de imagens, ícone do terrível e monstruoso, a cabeça decepada da Górgona traduz a visão impossível da morte ao mesmo tempo que expressa a possibilidade mimética de configurar o invisível, o medo, ou melhor, os seus simulacros.
A visão do não-visível, do hediondo e monstruoso, do horror indizível da morte, são aspectos fundamentais da cultura grega cuja compreensão passa pelas dimensões cultuais e religiosos do mito. Porém constituem aspetos fundamentais deste mito o reflexo protectivo ou o efeito atemorizador, o tema da visão e da mimese visual, susceptíveis e de facto objeto de amplo tratamento estético.
Frontisi-Ducroux explora tanto os exemplos e motivos da figuração que decorrem das narrativas como ainda as singularidades imagéticas que pertencem à invenção dos artistas, hábeis em suscitar novas composições, relações visuais e sentidos, como aspectos indissociáveis do mito.